A ideia não é nova, e vem sendo explorada pela ficção científica há muito tempo: o “Apocalipse Robô”, em que as máquinas inteligentes se revoltam, provocam a extinção da espécie humana, e dominam o mundo. Arnold Schwarzenegger viveu o androide assassino criado pela empresa fictícia Skynet, em “O Exterminador do Futuro”, apontando para um futuro nada harmônico entre o ser humano e as máquinas.
Estamos bem distantes dessa distopia, é verdade, mas ainda assim já somos bastante afetados pela automação e, em especial, pela Inteligência Artificial.
Em sua obra, o jornalista Kevin Roose — que escreve para o New York Times e é especializado em assuntos de tecnologia — mostra que enfrentamos a questão da automação desde a primeira Revolução Industrial, no século XVIII. Roose mostra, corretamente, que não é nada nova a ideia de substituir trabalho braçal por máquinas que realizam o mesmo trabalho automaticamente, sem precisar de salário, dias de folga, férias, décimo-terceiro, e por aí vai. Desde que James Watt criou a primeira bomba d’água com base em sua máquina a vapor e a utilizou para remover a água que se acumulava em minas de carvão na Grã-Bretanha, duas tendências se iniciaram: os resultados melhoraram em função da eficiência das máquinas; e gente perdeu o emprego.
O livro “Futureproof – 9 Rules for Humans in the Age of Automation” (“À Prova de Futuro – 9 Regras para Humanos na Era da Automação”, em tradução livre), lançado agora no começo de 2021, traz um histórico da automação, lembrando que não é só agora, com a presença da Inteligência Artificial que corremos o risco de ficarmos obsoletos em nossas tarefas profissionais, mas desde muito tempo que corremos esse risco.
Em essência, todos os avanços tecnológicos, de alguma forma, afetaram o ser humano, e em especial o desempenho das profissões. A diferença é que com o advento dos computadores, do aprendizado de máquina, e da cibernética — a união entre as máquinas mecânicas e os computadores eletrônicos —, quem está sendo ameaçado não é só o trabalhador braçal. Não, essa era já ficou no passado, quando cada vez mais fábricas passaram a automatizar seus processos. Só que esses empregos postos em risco eram, no mais das vezes, empregos em que o que mais se demandava do trabalhador era esforço mecânico, braçal, que pode ser rapidamente aprendido em algumas sessões de treinamento, e que até melhora com a experiência, mas não cresce em produtividade além da capacidade física de quem o realiza. E mais: demanda salário, está sujeito às intempéries da saúde física e mental do trabalhador, e por aí vai.
Mais recentemente, com a inserção do computador no escritório, mais tarefas são realizadas mais fácil e eficientemente — e por menos pessoas — do que antes de seu surgimento. Pense em um escritório de contabilidade da década de 1940: grandes salões de calculistas, cada um com sua máquina mecânica — só nas empresas grandes e mais abastadas, aliás — fazendo contas e verificando resultados. Entra em cena, em 1979, o VisiCalc, a primeira planilha eletrônica, disponível para o saudoso computador Apple ][ (assim mesmo, o “2” eram dois colchetes invertidos). Em pouco tempo já era possível realizar o trabalho de uma semana de um calculista em poucos minutos. Sem erros, e com a possibilidade de que a mesma planilha — que demorava algumas horas ou alguns dias para ficar pronta — pudesse ser usada com apenas algumas pequenas alterações para atender outro cliente. Uma planilha de cálculo em um escritório torna obsoleto o trabalho de vários calculistas, dependendo da complexidade do trabalho: a mesma planilha pode realizar o trabalho de 2, 3, 4 ou mais calculistas, com facilidade, demandando apenas um operador capacitado.
Aí está o problema: automação. Não é porque a Inteligência Artificial entra em cena, e hoje temos robôs mais eficientes e especializados que esse quadro mudou.
Mas então a situação é a mesma de 20, 40, 100 ou 200 anos atrás? Não, Roose mostra que não é bem assim.
O que mudou é que hoje cada vez mais a automação toma espaço em tarefas mais especializadas, em que o raciocínio, a capacidade de análise mais generalizada e mesmo a criatividade são essenciais. Os exemplos são vários: o cargo de supervisão de atendentes de call center hoje pode ser desempenhado pelo software COGITO, que avalia entonação de voz, entusiasmo, pausas e várias outras características do atendimento, inclusive alertando quando o atendente está falando demais, sem deixar o cliente falar; programas especializados em diagnósticos médicos com base a análise detalhada de exames e histórico dos pacientes já são mais precisos e eficazes que painéis inteiros de especialistas; sistemas capazes de correlacionar dados e fatos e deles extrair um texto narrativo coerente já escrevem artigos de notícia que, mesmo sendo um pouco “sem sal”, são precisos e dão trabalho mínimo aos editores; redes neurais capazes de produzir música coerente, que se não é páreo para Beethoven u para o Led Zeppelin, já serve de fundo para vídeos e podcasts sem prejuízo para o conteúdo e muito mais barato para os produtores. Não, nenhum emprego está livre da ameaça da automação com base na habilidade ou na experiência do profissional.
Mas então, o que resolve? É aí que entramos na segunda parte do livro, em que o autor delineia 9 regras para evitar que nos tornemos obsoletos diante da ascensão das máquinas:
As regras de Kevin Roose podem ser sintetizadas de forma simples: invista no que te torna humano, no que te diferencia das máquinas, e torne essas características fundamentais para o exercício de sua profissão. É isso que vai te salvar da obsolescência.
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