
Muitos de nós, quando éramos crianças, tínhamos os pais sempre na “marcação cerrada” com relação às coisas da escola: “Menino, é hora de fazer lição, desliga a televisão”, “Menina, não tira sarro na colega, não: entenda que ela leva uma vida difícil, ponha-se no lugar dela”, “Ué? Só porque errou o exercício vai largar tudo? Nada disso, volta lá e tenta de novo. Quer que eu te explique outra vez?” e por aí vai.
O que a gente não sabia é que toda essa “chatice” tinha um propósito enorme: lançar as bases de nossa evolução socioemocional.
Se hoje conseguimos entender os direitos do outro e perceber que esse outro sofre tanto quanto a gente, é porque ganhamos a capacidade de sermos empáticos; se hoje a gente se vê em meio a um problemão, mas ao invés de nos desesperarmos a gente arregaça as mangas e vai em frente até conseguir resolver, é porque desenvolvemos a tolerância à frustração. E assim ganhamos várias competências, que hoje — décadas depois de termos saído da escola — nos são muito úteis.
É assim: se eu me formo em engenharia civil e meu dia-a-dia é fazer cálculos estruturais para alicerces de casas e prédios, se algum dia eu decidir que gosto mesmo é de medicina e faço uma faculdade para poder clinicar, não vou conseguir transferir minha capacidade de fazer cálculos estruturais para meu novo trabalho. Já o foco que eu desenvolvi na infância, pode — e deve — ser transferido, pois é uma ferramenta útil em qualquer contexto profissional ou pessoal. O mesmo se dá com a empatia, com a tolerância à frustração e com todas as demais competências socioemocionais que eu tiver desenvolvido.
O Instituto Ayrton Senna define as competências socioemocionais como sendo as capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar, sentir e nos comportamentos ou atitudes para se relacionar consigo mesmo e com os outros, estabelecer objetivos, tomar decisões e enfrentar situações adversas ou novas. Elas podem ser observadas em nosso padrão costumeiro de ação e reação frente a estímulos de ordem pessoal e social. Entre outros exemplos, estão a persistência, a assertividade, a empatia, a autoconfiança e a curiosidade para aprender. Exemplos de competências consideradas híbridas são a criatividade e pensamento crítico pois envolvem habilidades socioemocionais e cognitivas.
E olha: estamos vivendo um momento bem complicado da História tanto do nosso país quanto do mundo todo. A pandemia não veio para ficar, mas nesses dois anos criou complicações para o planeta inteiro. Nossos filhos em idade escolar que o digam, pois viram sua Educação truncada, seu mundo limitado à casa, suas interações relegadas às videoconferências no computador. O resultado é devastador: de acordo com pesquisa da OCDE, nossos índices educacionais no brasil regrediram ao patamar que estavam em 2010. Perdemos uma década em termos de Educação!
Algumas das competências socioemocionais são fundamentais para que o estudante mantenha seu equilíbrio e assim não prejudique sua própria formação. O foco e a persistência, por exemplo, são fundamentais nos momentos desafiadores; a responsabilidade é muito importante para que o estudante possa fazer sua autogestão; a tolerância à frustração e ao estresse ajudam a administrar os sentimentos nos momentos mais complicados.
O Instituto Ayrton Senna trabalha com dezessete competências socioemocionais, dividindo-as em cinco pilares, ou macrocompetências, como pode ser visto na figura:
Segundo as definições do Instituto Ayrton Senna, a Resiliência Emocional está relacionada à capacidade de alguém lidar com as próprias emoções, demonstrando equilíbrio e controle sobre suas reações emocionais, como por exemplo raiva, insegurança e ansiedade, sem apresentar mudanças bruscas. Pessoas com maior nível dessa competência confiam mais em suas capacidades para desenvolver tarefas e regular suas emoções. Já aquelas com níveis mais baixos tendem a ser emocionalmente mais instáveis, afetando-se facilmente pelas situações cotidianas. Pode ser difícil para elas voltarem a um estado emocional de tranquilidade uma vez que tendem a ser mais irritadiças, ansiosas e impulsivas. Podem apresentar também dificuldade em confiar em si mesmas e em seu potencial, preocupando-se em não alcançar as expectativas.
Ainda segundo o Instituto, indivíduos que desenvolvem resiliência emocional conseguem lidar com situações adversas com tranquilidade e positividade. Quando confiam em si mesmos e são capazes de gerenciar suas emoções, são menos propensos a se desestabilizarem frente a opinião dos outros, críticas, situações desafiadoras ou aquelas que não estão sob seu controle.
O Instituto Ayrton Senna define Abertura ao novo como sendo a tendência a ser aberto a novas experiências estéticas, culturais e intelectuais. O indivíduo aberto ao novo tem atitude investigativa, é curioso sobre o mundo, flexível e receptivo a novas ideias. Aprecia manifestações artísticas e estéticas diversas, busca entender o funcionamento das coisas em profundidade, pensa de formas diferentes e desenvolve ideias criativas e não convencionais. Pessoas com alta abertura ao novo são mais hábeis em inovar e ter novas percepções sobre o mundo, aprender com erros e mostrar empolgação em criar.
Professores mais abertos ao novo, de acordo com o Instituto, têm paixão por aprender, entender e explorar novas ideias. Interessam-se por perguntas e experiências dos estudantes, se empolgam em compartilhar novos conhecimentos e inovam suas práticas de ensino. Utilizam múltiplas estratégias para explicar o conteúdo e criar diferentes exemplos de modo a contemplar a diversidade de estudantes em suas muitas dimensões.
Mais uma vez, segundo o Instituto Ayrton Senna, Autogestão indica a capacidade de ser organizado, esforçado, ter objetivos claros e saber como alcançá-los de maneira ética. Relaciona-se à habilidade de fazer escolhas na vida profissional, pessoal ou social, estimulando a liberdade e a autonomia. Quem é capaz de exercer mais a autogestão apresenta-se como alguém mais disciplinado, perseverante, eficiente e orientado para suas metas.
Professores com autogestão bem desenvolvida, segundo o Instituto, têm mais facilidade em estruturar e gerenciar o processo de ensino e de aprendizagem, planejam com cuidado e antecedência suas aulas e atividades e monitoram o tempo, o que faz com que tenham mais sucesso na mediação dos conteúdos junto aos estudantes. São pontuais, organizados e lidam bem com a elaboração e o monitoramento de combinados que beneficiem o aprendizado, deixando claro aos estudantes o que se espera deles, realizam sínteses ao fim da aula e revisam o conteúdo antes de momentos avaliativos.
O Instituto Ayrton Senna define Amabilidade como sendo uma macrocompetência que indica o grau com que uma pessoa é capaz de agir baseada em princípios e sentimentos de compaixão, justiça, acolhimento; o quanto consegue conectar-se com os sentimentos das pessoas e se colocar no lugar do outro. Refere-se à tendência a agir de modo cooperativo e não egoísta, preocupando-se em ajudar os demais e ser solidário. O indivíduo amável apresenta preocupação com a harmonia social e valoriza a boa relação com os outros. É geralmente respeitoso, amigável, generoso, prestativo e disposto a confiar nas pessoas.
Por fim, o instituto Ayrton Senna define Engajamento com os outros como sendo a macrocompetência que diz respeito à motivação e à abertura para interações sociais e ao direcionamento de interesse e energia ao mundo externo, pessoas e coisas. Essa macrocompetência ajuda a nos mantermos abertos e estimulados para conhecer e dialogar com as pessoas, a nos manifestarmos de maneira afirmativa e assumirmos a liderança quando necessário. A pessoa que apresenta essa macrocompetência bem desenvolvida busca ativamente o contato social, é amigável, segura, energética e entusiasmada.
Desde 2018 a 3GEN — em parceria com o Instituto Ayrton Senna — vem implementando o programa Diálogos Socioemocionais em várias secretarias estaduais e municipais de educação, Já centenas de milhares de estudantes no Brasil todo que se beneficiam das competências socioemocionais. O resultado aos poucos vai aparecendo: maior senso de pertencimento à escola, melhor aproveitamento escolar. Até na família e na comunidade em que a criança se insere os resultados são perceptíveis.
Para finalizar, veja esses depoimentos colhidos junto à Secretaria Municipal de Educação de Sobral-CE sobre as competências socioemocionais:
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